Desde os anos 50, paralisação já registrou mortes e motivou lei
Desde os anos 50, a Folha registra em suas páginas paralisações de motoristas de caminhão.
Com pauta variada, que abriga desde protesto contra alta dos pedágios e do preço do diesel e pedidos por aumento no valor do frete, os caminhoneiros sempre conseguiram a atenção por pararem o país, uma cidade ou uma cadeia de produção.
Mas, ainda que não entreguem combustível, como em 1980, ou interrompam o abastecimento, como agora e em 2015, 1999, 1993, 1988, 1985, 1983 e 1979, nem sempre os caminhoneiros tiveram suas demandas atendidas.
Em 1981, por exemplo, a tentativa de um motorista furar um bloqueio na estrada BR-116, a 25 km de Caxias do Sul (RS), acabou em tragédia.
Dario Luís Santos, que transportava areia, decidiu não aderir ao movimento e quis continuar a sua viagem. Os grevistas não concordaram. Houve confusão e tiros. Tanto ele, que queria passar pelo bloqueio, como outro trabalhador, Antonio Mantemezzo, que tentou impedi-lo, acabaram morrendo. Depois das mortes, a greve foi encerrada.
Até em 1986, quando o então coordenador da Federação Nacional dos Caminhoneiros, Nélio Botelho, disse que metade dos 600 mil caminhões parou, a greve durou só dois dias. Na ocasião, o presidente José Sarney chegou a pedir que as polícias se unissem para liberar as estradas.
Uma das maiores e mais bem-sucedidas paralisações foi a de 2015, quando o movimento, iniciado no Sul, contra aumento dos combustíveis, baixo valor do frete e pedágios, durou dez dias e atingiu 14 estados, bloqueou o porto de Santos e afetou as cidades.
A greve só acabou após a presidente Dilma Rousseff aprovar a Lei do Caminhoneiro, que permitiu ao motorista mais tempo de direção.
Confira abaixo algumas greves:
1980
Em junho de 1980, três mil caminhoneiros que operavam em um terminal petrolífero em Paulínia paralisaram os transportes de combustíveis, deixando sem gasolina e óleo diesel a maior parte dos 137 postos que funcionavam em Campinas, a cerca de 20 quilômetros de Paulínia. Eles reivindicavam aumento de fretes.
1981
A tentativa de um motorista furar um bloqueio realizado na estrada BR-116, a cerca de 25 quilômetros de Caxias do Sul (RS), acabou em tragédia. O caminhoneiro Dario Luís Santos, que transportava areia para uma empresa de construção civil, decidiu não aderir ao movimento e quis continuar a sua viagem. Os grevistas não concordaram. Houve muita confusão e tiros. Tanto ele, que queria passar pelo bloqueio, como um outro trabalhador, Antonio Mantemezzo, que tentou impedi-lo, acabaram morrendo. Depois das mortes, a greve foi encerrada.
1985
Uma greve dos caminhoneiros foi realizada na região Sudeste e Sul do país, em novembro de 1985. No Rio, os motoristas bloquearam a avenida Brasil, provocando um congestionamento que se estendeu por mais de dez quilômetros. No Paraná, houve bloqueio em estradas. No Rio Grande do Sul e em Espírito Santos, os veículos ficaram estacionados em acostamentos de estradas. Em São Paulo, a adesão foi pequena e o trânsito de caminhões foi praticamente normal.
1986
Uma greve foi realizada por motoristas de caminhões de carga em janeiro de 1986 e várias rodovias pelo país ficaram bloqueadas. No dia 8 de janeiro, dois dias depois do início do movimento, o presidente José Sarney pediu para que as polícias militares estaduais ajudassem a polícia rodoviária federal a liberar o tráfego. As vias foram liberadas, encerrando esse movimento. Segundo o coordenador da Federação Nacional dos Caminhoneiros, Nélio Botelho, a greve teve adesão de mais da metade dos 600 mil caminhoneiros. Mas, segundo o secretário de Relações de Trabalho, Plínio Sarti, eram 8.000 caminhoneiros parados.
1999
Durante quatro dias em julho de 1999 (de 26 a 29), os caminhoneiros cruzaram os braços, em um movimento que afetou abastecimento e a produção no país. .Em São Paulo, a Ceagesp registrou queda de 66% na entrada de produtos. No Ceasa do Rio, a redução chegou a 90%. As empresas Fiat e Volkswagen decidiram paralisar ou diminuir as suas produções. A Sadia chegou a ficar sete das 11 unidades paradas. Eles também bloquearam trechos de importantes rodovias pelo país, e o Governo ameaçou a usar o Exército. O movimento dos trabalhadores saiu vitorioso, com a suspensão dos reajustes do diesel e dos pedágios em estradas federais.
2013
Para passar por um bloqueio de cerca de cem manifestantes na BR-116 em Camaquã, no Rio Grande do Sul, o caminhoneiro Renato Kranlow pediu ajuda à Polícia Federal e acabou sendo escoltado à distância. Mas mesmo assim, ele foi atingido, em seu pescoço, por uma pedra e morreu.
2015
O movimento grevista de 2015 foi um dos maiores e mais bem-sucedidos. Iniciado no Sul, contra aumento dos combustíveis, baixo valor do frete e pedágios, durou dez dias e atingiu 14 estados, bloqueou o porto de Santos e afetou as cidades. A paralisação terminou depois de a presidente Dilma Rousseff aprovar a Lei do Caminhoneiro, que permitiu ao motorista mais tempo de direção. Um episódio nesse período gerou indignação no Paraná, pois, enquanto faltava leite em supermercados de Maringá, milhares de litros eram jogados fora em Arapongas, já que o produto ficou parado na estrada por mais de 48 horas na estrada.