1993: Palmeiras bate Corinthians e quebra jejum de quase 17 anos

12 de junho de 1993. Final do Campeonato Paulista: Palmeiras x Corinthians. Estádio do Morumbi, com 104.401 torcedores pagantes.

Aos 10 minutos do primeiro tempo da prorrogação, o centroavante palmeirense Evair se posicionou perto da meia-lua da área para cobrar o pênalti.

Colocou as mãos na cintura. Limpou o suor do rosto. Correu lentamente. Chutou cruzado rasteiro, no canto esquerdo. O goleiro corintiano Wilson pulou para o outro lado. A bola foi balançar as redes, no fundo gol.

Para festejar Evair abriu os braços, saiu correndo, olhou para o céu e se ajoelhou no gramado, perto da bandeirinha de escanteio.

Foi assim o gol do Palmeiras que determinou a vitória sobre Corinthians de 1 a 0 na prorrogação, após ter ganhado por 3 a 0 no tempo normal.

O triunfo fez com que o time do Parque Antarctica conquistasse o Estadual, quebrando um jejum de quase 17 anos sem conquistas.

“Acabaram a angústia, o sofrimento, a ‘fila’. O Palmeiras é campeão paulista de futebol, 16 anos, nove meses e 25 dias depois de conquistar seu último título”, dizia a abertura da reportagem sobre o jogo.

Em 2014, em entrevista para o repórter Diego Iwata Lima, da Folha, Evair falou que aquele foi o maior momento de sua carreira.

“Você não imagina quanto era difícil ir a um cinema, a um supermercado, antes de ganharmos o Paulista de 1993”, disse. “Quando corri para bater aquele pênalti, sentia que carregava todos os anos do jejum comigo.”

Com o apoio da patrocinadora Parmalat, o Palmeiras havia feito muitas contratações importantes, como o jovem atacante Edmundo, revelação do Vasco. Ao derrotar o Corinthians na final, o atleta, aos 22 anos, virou ídolo dos torcedores.

“Foi uma consagração. Uma coisa muito bonita que aconteceu. O torcedor do Palmeiras é muito apaixonado e estava muito carente de títulos naquela época”, afirmou Edmundo na TV Bandeirantes, em um programa comandado por Neto, ex-jogador do Corinthians que também participou da decisão de 1993.

A equipe do Parque São Jorge tinha a vantagem de poder empatar no tempo normal que seria campeã. Havia vencido o primeiro jogo da decisão por 1 a 0 (o regulamento da competição não previa saldo de gols na final).

“Naquele jogo, o Viola imitou o porco [na comemoração]. O Vanderlei Luxemburgo [técnico do Palmeiras] pegou vídeos do Viola e declarações de jogadores do Corinthians [para mostrar aos atletas palmeirenses e motivá-los]”, disse Antônio Carlos, que era um dos zagueiros do time alviverde.

O outro zagueiro titular era Tonhão, que se emocionou ao lembrar do jogo durante entrevista para a ESPN, em 2013. “Eu estou chorando, mas é um choro de alegria. O pessoal até hoje se lembra. Isso é importante e gratificante demais”, afirmou.