1968 – A DÉCIMA BOMBA: Casa do presidente da Kibon tem cortina e poltrona queimadas

Às 6h30 de 20 de junho de 1968, um coquetel molotov explodiu na casa do presidente da companhia de produtos alimentícios Kibon, o norte-americano Eric Egan. Ninguém se feriu, mas a poltrona e a cortina da residência ficaram queimadas.

Esse foi o décimo registro de bomba em cerca de três meses só na cidade de São Paulo, em uma sequência iniciada em 19 de março daquele ano, quando o Consulado dos Estados Unidos foi atingido.

O Brasil estava sob a ditadura militar desde 1964, e grupos tentavam desestabilizá-la com ações mais violentas.

Só que no caso do presidente da Kibon, a polícia, logo após a explosão, não apontou o ataque como sendo uma ação política de alguma guerrilha urbana.

As histórias sobre as bombas deste período estão sendo recontadas agora pelo Banco de Dados no Blog do Acervo Folha.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

O executivo norte-americano morava na rua Escobar Ortiz, 102, na Vila Nova Conceição, em São Paulo. Porém, no dia da explosão, somente os empregados estavam na residência. Egan havia viajado com a sua família para os Estados Unidos.

O estrago na casa poderia ter sido maior. Dois artefatos foram lançados, mas apenas um estourou.

Além dos explosivos, foram jogados uma bandeira vermelha e três panfletos com a mensagem: “Americanos, fora”.

Na hora do ataque, o vigia noturno da casa, José Xavier Siqueira, estava em uma área interna. Ele não conseguiu ver a ação, mas relatou que a explosão não fez tanto barulho. Quando escutou uma empregada gritar “Fogo!”, correu para a sala atingida.

“Eu estava em uma sala meio afastada e pensei que fosse o jornaleiro entregando o jornal”, afirmou Siqueira.

Do lado externo, um vigia que trabalhava em outra casa da rua disse que presenciou a atuação dos autores do atentado. Segundo o seu relato, um carro azul parou no local, dois homens desceram do veículo, jogaram as bombas e fugiram.

Como foi uma ação muito rápida, ele não conseguiu anotar o número da placa do veículo.

Mesmo com poucas pistas, o chefe da Polícia Federal em São Paulo, o general Sílvio Correia de Andrade, declarou que acreditava que essa bomba não tinha relação com as outras lançadas em 1968.

“Isso me parece mais vingança, talvez de algum ex-empregado daquela companhia”, disse o general.

A opinião dele era baseada no fato de Egan não ocupar nenhum cargo público e de a potência do explosivo utilizado ter sido pequena.

Independentemente do motivo do ataque, o fato é que esse atentado entrou para o rol de casos misteriosos para a polícia investigar em 1968.

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