1992: Autonomia da Croácia é reconhecida pela Comunidade Europeia
Em 15 de janeiro de 1992, o caderno Mundo da Folha trazia em sua primeira página a reportagem: “Comunidade Europeia reconhece autonomia de Eslovênia e Croácia”.
O texto, assinado pelo jornalista Fernando Gabeira, informava que isso ocorreu depois de uma guerra civil que “matou 6.000 pessoas e desabrigou meio milhão”.
A tensão entre croatas e sérvios havia aumentado muito. O então presidente da Croácia, Franjo Tudjaman, chegou a declarar em maio de 1991 de que a guerra já havia começado.
Em um pronunciamento na TV, ele afirmou: “Nós estamos enfrentando, devo dizer, o começo de uma guerra aberta contra a república da Croácia”.
A declaração de Tudjaman, conforme a reportagem da Folha mostrou, foi feita após um sangrento conflito que deixou ao menos 16 mortos.
Esse confronto era considerado até aquela data o mais sangrento entre sérvios e croatas desde a 2ª Guerra Mundial.
A partir daí, sucederam-se conflitos, tentativas de cessar-fogo, tomadas de cidades, acusações de assassinatos de crianças e milhares de mortes.
Em outubro, o presidente da União Soviética, Mikhail Gorbatchev, participou de uma tentativa de acordo de paz para a chamada “Crise na Iugoslávia”.
Os presidentes Slobodan Milosevic e Franjo Tudjman, da Sérvia e Croácia respectivamente, se encontraram com o líder russo no Kremlin e concordaram em colocar um fim imediatamente ao conflito.
Durante o encontro, foi solicitado pelos líderes dos países em guerra que a mediação não ficasse restrita a Moscou, mas que também participassem Washington e a Comunidade Europeia.
Embora o diálogo apontasse para uma possível saída e fim do confronto, em janeiro de 1992 após o reconhecimento da Comunidade Europeia da independência de Eslovênia e Croácia, a Sérvia chegou a criticar o gesto.
Após a declaração do porta-voz da chancelaria belga de que “a Iugoslávia é agora um Estado em dissolução”, Belgrado respondeu que a decisão dos países do bloco europeu feria a lei internacional e era “uma agressão à soberania da Iugoslávia”.
Mas apesar do protesto de Belgrado, Eslovênia e Croácia estavam independentes.
Colaborou Rodolfo Stipp Martino