Em 50 anos, rodovia Castello Branco já foi palco de nascimento de bebê e de travessia de patos

Nascimento de um bebê dentro de carro parado em uma base policial. Interrupção do trânsito de veículos para patos atravessarem a pista. Uma estrada aberta sem nenhum posto de combustível.

Essas são algumas das histórias incomuns para uma autoestrada, mas que ocorreram na rodovia Castello Branco, durante os seus 50 anos.

O  primeiro trecho, inaugurado em 10 de novembro de 1968, foi construído com 171 quilômetros para ligar São Paulo à cidade de Torre de Pedra (40 quilômetros depois de Tatuí aproximadamente).

O custo da obra foi de quase NCr$ 350 milhões (o que equivaleria hoje a cerca de R$ 2,8 bilhões), conforme divulgado na época. Era considerada a rodovia mais moderna do país.

No entanto, o acesso não estava pronto, e quem estava em São Paulo e quisesse usar a nova estrada tinha que ir até Osasco e de lá seguir as orientações de placas indicativas.

As autoridades também alertavam para não entrar na rodovia com pouco combustível: Não havia nenhum posto de gasolina ao longo do trajeto e só dava para fazer retorno quando chegasse a um trevo. Também não havia oficinas mecânicas.

Apesar de já ter o nome oficial, ela ainda era conhecida por Estrada do Oeste. Sua capacidade era estipulada em 40 mil veículos por dia, no trajeto entre a capital e Sorocaba.

Hoje, a rodovia tem 315 quilômetros e vai até a região próxima a Santa Cruz do Rio Pardo (SP). No trecho mais movimentado (entre São Paulo e Itapevi), são feitas 215 mil viagens por dia.

Patos

E foi justamente um local de trânsito intenso da Castello que teve que ser bloqueado, por instantes, para um pato e cerca de 15 filhotes saírem do canteiro central da estrada, no dia 22 de novembro de 2016.

A agente de monitoramento Angela Cruz, que trabalha no Centro de Controle Operacional, da CCR ViaOeste (empresa que administra parte da rodovia), contou que ficou surpresa quando surgiu a informação da presença desses animais no quilômetro 20, em Barueri.

Para chegar até o canteiro central, os patos tiveram que atravessar as três vias da pista expressa e as cinco da marginal.

O alerta veio por usuários, e Angela avisou uma viatura da concessionária para ir ao local. Os funcionários ficaram tomando conta dos animais para impedir que entrassem novamente nas pistas.

“Foi um fato muito inusitado. É um trecho urbano, mas com bastante mata em volta”, disse Angela para a reportagem do Banco de Dados da Folha.

Os patos saíram de lá com segurança. “As pistas foram bloqueadas por policiais, e eles foram andando de volta para o seu habitat [retornando para a mata].”

Bebê

Assim como Angela, o condutor de emergência Marcos Aurélio Inoue (que dirige o carro de resgate) também recebeu um chamado diferente de sua rotina: Uma mulher estava em trabalho de parto, em um posto policial, em Avaré, no dia 6 de dezembro de 2016.

“A adrenalina subiu na hora. A gente pensa que precisa chegar logo para ajudar. É uma vida em jogo”, afirmou Inoue, que trabalha para a concessionária CCR SPvias.

Quando chegou, a criança tinha acabado de nascer, dentro do carro. O parto foi feito por um policial.

Inoue, que também atua como bombeiro, ajudou a prestar os atendimentos necessários seguintes. Depois, a mulher e a filha foram levadas a um hospital.

A mãe da criança é a escriturária Camila Helena Presser Gonçalves, hoje com 37 anos. Ela morava em Iaras, cidade que não tinha Santa Casa. Por isso, fazia o acompanhamento de gestação em Avaré (a cerca de 40 quilômetros).

Camila e a filha são levadas pelo resgate à Santa Casa de Misericórdia de Avaré – 6.dez.2016/Arquivo pessoal

O nascimento estava previsto para o começo de janeiro de 2017, mas Camila começou a sentir dores e resolveu ir com a irmã até Avaré.

“No caminho, senti duas contrações mais fortes e falei para a minha irmã que não daria tempo de chegar ao hospital”, lembrou a escriturária.

Elas pararam no posto policial e receberam a ajuda. “Minha filha nasceu supersaudável. Ficou três dias na incubadora só por precaução. Eu também passei bem depois do parto.”

Hoje, quando passa pela rodovia, ela conta que tem um sentimento especial. “Não tem como não lembrar do nascimento da minha filha”, declarou Camila.