1948: Nasce Ozzy Osbourne, que comeu morcego, cheirou formiga e se tornou ‘O Príncipe das Trevas’
Três anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, nasce em Birmingham, na Inglaterra, John Michael Osbourne, o Ozzy, mundialmente conhecido por um apelido dado na escola como provocação por sua dislexia.
Após passar por uma série de empregos na juventude e ter cometido pequenos crimes que acabaram levando-o a uma sentença de prisão por roubo, aos 20 anos ele se junta a Geezer Butler, Tony Iommi e Bill Ward para formar a banda Polka Tulk Blues.
O conjunto, depois, se tornaria Earth, mas, como havia um grupo de mesmo nome, os músicos decidiram adotar Black Sabbath, referência a um filme de Boris Karloff e título da canção que abre o primeiro trabalho do quarteto, em 1970.
Nos vocais da banda, que inaugurava um novo gênero, o heavy metal, Ozzy ficou até 1979, onde emprestou sua voz em nove discos e cravou sucessos como “N.I.B”, “Paranoid”, “Iron Man” e “War Pigs”.
Sobre o “divórcio” com o Sabbath, Ozzy disse em entrevista à Folha, em 1995, que “a banda é como uma ex-namorada: desejo tudo de melhor para ela, mas tenho minha própria vida”.
A partir de 1980, Ozzy inicia sua carreira solo e já no primeiro disco emplaca três canções executadas até hoje em suas turnês: “Crazy Train”, “Mr. Crownley” e “Suicide Solution”.
Desta última há duas controversas: Ozzy disse ser em homenagem ao ex-vocalista do AC/DC, Bon Scott, morto em 1980, mas Bob Daisley (ex-baixista e principal letrista de Ozzy) afirmou que a letra faz alusão ao próprio cantor. E o suicídio de um fã cujos pais processaram o cantor como responsável por sua morte.
Em 1985, Ozzy desembarcou no Rio de Janeiro para a primeira edição do Rock in Rio. Realizou dois shows, um em 16 de janeiro e outro no dia 19. Na ocasião explicou a Folha sua fama de mau.
“Faço as pessoas sentirem medo porque elas gostam de sentir essa sensação. Para mim tanto faz, sou tão interessado em Deus como no Diabo. Se querem horror, tomem lá, que todo mundo se diverte e eu ainda ganho dinheiro”, disse o “Príncipe das Trevas”, como também é conhecido.
Na década de 80, ele lançou praticamente um disco por ano. Já nos anos 1990, foram apenas quatro trabalhos. Porém o primeiro deles, “No More Tears” (1991), também deixou uma marca com a canção título e “Mama, I’m Coming Home”, tocadas até hoje quando está no palco.
‘THE OSBOURNES’
Com a aposentadoria anunciada inúmeras vezes e sempre de volta à estrada, os anos 2000 acabaram mais lembrados pelo reality show “The Osbournes” do que pelos sete discos.
Com quatro temporadas na MTV, os telespectadores viram outra pessoa. O cotidiano de Ozzy, a inseparável (e empresária) Sharon, os filhos Jack e Kelly, além dos gatos e cachorros, foram transmitidos de 2002 a 2005. Prevaleceram os diálogos esculachados, os palavrões, e o dia a dia de uma família cujo “chefe” apalermado foi motivo de muitas risadas.
Num dos episódios, ao ser maquiado e penteado para ir a um jantar na Casa Branca com George W. Bush, o roqueiro disparou: “Não quero parecer a Cher”.
Sua contribuição para a música juntamente com a fase no Black Sabbath, no entanto, vão além da caricatura que ficou por causa do programa.
Nada menos do que 162 produções, sejam de longas, de documentários ou de séries de TV, já usaram alguma de suas canções ou do Sabbath.
Talvez a mais famosa e na memória dos fãs mais jovens seja a música tema do “Homem de Ferro”, protagonizado por Robert Downey Jr. Sobre ela, Ozzy declarou sem nenhum pudor: “Gostaria de não ter que tocar ‘Iron Man’ todas as noites”.
BEATLES
Com 18 shows no Brasil –já computados os de sua última passagem, em maio deste ano–, Ozzy disse que precisava diminuir o ritmo. Apesar de a turnê No More Tours Tour ter programação até 2020, o “Padrinho do Heavy Metal” afirmou “não estou me aposentando, só não vou mais cair na estrada por longos períodos em turnês“.
Para quem já comeu morcegos, mordeu pombos, cheirou formigas (relatos podem ser conferidos na autobiografia “Eu sou Ozzy”) e bebeu hectolitros de álcool, um descanso é merecido.
Fã confesso dos Beatles (“A maior coisa da minha vida foram os Beatles. Agradeço a Deus por eles.”), falando à Folha oito anos atrás, foi questionado sobre se havia alguma coisa que ainda gostaria de fazer. “Sim, tocar com Paul McCartney”, disse.
Quem sabe um dia o novo setentão da praça não realiza seu sonho. Afinal, seu ídolo segue ativo, com disco novo (“Egypt Station”) e sem pistas de uma possível aposentadoria.