1943: Nasce Jim Morrison, poeta, cantor e símbolo sexual da música dos anos 60

Para descrever Jim Morrison, as palavras cantor, compositor e líder dos The Doors podem ser substituídas por poeta, provocador e rock star incendiário e sexy.

Há 75 anos, nascia em Melbourne, na Flórida, James Douglas Morrison, primogênito de um militar de alta patente da Marinha, em cuja casa reinava a ordem, a disciplina e a retidão. Pela carreira de George Stephen Morrison, pai de Jim, a família se mudou diversas vezes de cidades e estados.

Quando entrou para o curso de cinema da Universidade da Califórnia (UCLA), em 1964, praticamente cortou os laços com a família e dali em diante se dedicou a filmes de curta metragem, poesia e, em pouco tempo, música.

Leitor voraz desde os tempos de escola, foi influenciado por Nietzche, Plutarco, Arthur Rimbaud, além de Jack Kerouac, Allen Ginsberg e Charles Baudelaire.

Um professor de inglês disse: “Jim leu tanto e provavelmente mais do que qualquer aluno, mas tudo o que leu era tão inusitado que outro professor (que estava indo para a Biblioteca do Congresso) foi verificar se os livros que relatava realmente existiam.”

A literatura se fez tão presente na vida dele que até o nome da banda foi inspirado em um livro. The Doors é uma referência direta à obra psicodélica de Aldous Huxley, “The Doors of Perception”. Huxley, por sua vez, tinha se baseado em um trecho de “The Marriage of Heaven and Hell”, de William Blake, de quem Morrison era fã.

De 1966 a 1971 (ano de sua morte), esteve à frente da banda que formara com o tecladista Ray Manzarek (1939-2013), em Venice, na Califórnia. Eles produziram apenas seis álbuns em cinco anos, mas com canções suficientes para marcar aqueles anos turbulentos e criarem clássicos como “The End”, “L.A. Woman”, “Light My Fire” e “Love Me Two Times”.

As músicas dos Doors eram uma fusão de blues, jazz e rock psicodélico. Suas composições captaram a atmosfera de rebeldia efervescente dos anos 1960 e o choque de gerações.

Não à toa que, diante de suas performances no palco, Jim se tornou um dos mais célebres mártires do rock. À frente dos Doors, sua presença magnética de cantor e poeta (também conhecido como “Lizard King”) vestido de couro, trouxe o poder fascinante de um xamã ao microfone.

A rebeldia e o confronto com a ordem, presente em suas canções e atitudes eram sua marca registrada, desafiando a censura e a sabedoria convencional. As letras de Morrison mergulharam em questões de sexo, violência, liberdade e espírito.

“Eu sempre fui atraído por ideias que eram sobre revolta contra a autoridade. Eu gosto de ideias sobre o rompimento ou a derrubada de uma ordem estabelecida”, explicou em uma entrevista.

Sua carreira sempre foi marcada por confronto e provocação. Em março de 1969, em Miami, durante um show Morrison baixou as calças para a plateia ao som de “Touch Me”. Foi julgado e condenado a seis meses de prisão e obrigado a pagar uma multa de US$ 500.

A atitude fez os Doors serem banidos das rádios, tiveram discos recolhidos de lojas e viram seus futuros shows cancelados.

Longe do estúdio, os problemas com drogas e álcool, combinados com sua mentalidade antiautoritária, resultaram em um comportamento sempre imprevisível.

Antes do lançamento de “L.A. Woman” (último álbum da banda com Jim ainda vivo), em abril de 1971, mudou-se para Paris.

Em 3 de julho do mesmo ano foi encontrado morto na banheira do apartamento que dividia com a namorada Pamela Courson. Oficialmente foi declarado ataque cardíaco, mas não houve autópsia e a verdadeira causa da morte segue sem explicação.

Do último trabalho resultaram em clássicos a faixa-título, “Love Her Madly” e “Riders on the Storm”.

Jim Morrison morreu exatamente dois anos depois de Brian Jones (um dos fundadores dos Rolling Stones), dez meses após Jimi Hendrix e nove de Janis Joplin.

Em 1984, o colunista da Folha Ruy Castro escreveu sobre o lançamento do disco “Alive, She Cried”, que continha gravações inéditas dos Doors, ao vivo. O jornalista sintetizou a sucessão de perdas para o rock com uma questão.

“Por que todos os mártires do rock têm J no nome?” E citou todos os acima com o acréscimo de John Lennon, assassinado em 8 de dezembro de 1980. “Quem será o próximo?”, perguntou Castro. E ele mesmo respondeu: “Quem falou Mick Jagger errou. Jagger é esperto demais para morrer”.

Ao longo de seis álbuns e incontáveis apresentações ao vivo, Morrison mudou o curso do rock. Seu corpo acabou não sendo trasladado para os EUA e foi enterrado na capital francesa, onde fãs do mundo todo fazem peregrinações para seu ver túmulo.