Há 70 anos, nascia o piloto Emerson Fittipaldi

Há 70 anos nascia Emerson Fittipaldi, bicampeão na F-1, campeão na Fórmula Indy e duas vezes vencedor das 500 Milhas de Indianápolis.

O corredor paulistano, famoso pelas costeletas grandes e óculos escuros, desbravou a F-1 e foi quem colocou o Brasil no topo do circuito da maior modalidade de corridas do mundo.

A Folha acompanhou a carreira do promissor piloto e homem dos negócios. Especialmente nos campeonatos mundiais de 1972 e 1974, ambos vencidos por Fittipaldi.

Quando a primeira conquista tornou-se realidade, após o GP da Itália, em Monza, a primeira página de Esporte foi enfática: “Começa o reinado de Emerson“.

O segundo triunfo, em 1974, veio após o GP dos Estados Unidos, onde Fittipaldi terminou em quarto lugar, mas pontuou o suficiente para se sagrar campeão. A Folha trazia “Fittipaldi bicampeão do mundo” e o caderno de Esporte mostrou o tamanho da conquista dedicando três páginas ao feito.

A vitória no segundo GP da temporada foi marcante para Fittipaldi (que ganharia o campeonato) e a torcida brasileira. Disputado em Interlagos, o “Rato” mostrou toda sua técnica. Largou na pole position, caiu para terceiro lugar, na sexta volta estava em segundo e na 12ª foi para a liderança, a qual não perdeu mais. O jornal noticiou “Emerson: perfeito, imbatível“.

Pela F-1, Fittipaldi disputou 144 GPs, teve 14 vitórias, fez 6 poles e conquistou 281 pontos.

Na década de 1980, mais precisamente em 1984, ele começou a desbravar outra categoria do automobilismo: a Fórmula Indy. Nesta, competiu em 13 temporadas, venceu 22 corridas e conquistou um campeonato (1989).

Mas o que ajudou a consolidar Fittipaldi ao lado de grandes nomes da categoria foram suas vitórias em Indianápolis. A primeira página de Esporte, em 1989, teve como título “No braço, Emerson bate Unser Jr. e vence ‘a maior corrida do planeta'”. A página dividia o ineditismo da vitória com outros resultados do esporte nacional.

Na segunda vitória na mais famosa pista oval do mundo, em “Emerson é o vencedor em Indianápolis pela 2ª vez” a Folha trouxe todos os detalhes e números da prova.

Fittipaldi, inclusive, quebrou uma tradição das 500 Milhas ao beber suco de laranja em vez do tradicional leite dos vencedores da corrida. O gesto tinha explicação: o piloto exportava a fruta para os EUA.

EMPRESÁRIO

“Rato” no Brasil e “Emmo” nos EUA, Fittipaldi foi um fenômeno nas pistas e pioneiro fora delas. Ainda na década de 1970, ao lado do irmão, Wilson Fittipaldi Jr., criou a equipe Copersucar, primeira e única escuderia brasileira no circo da F-1.

Entre os principais nomes que pilotaram para a Copersucar estão, além dos fundadores, Ingo Hoffmann, Chico Serra e Keke Rosberg –pai do atual campeão da F-1, Nico Rosberg.

O piloto Emerson Fittipaldi da equipe Copersucar. (Foto: Folhapress)
O piloto Emerson Fittipaldi da equipe Copersucar (Foto: Folhapress)

Garoto-propaganda de diversas marcas, fazendeiro e produtor de suco de laranja (a Fittipaldi Cirtrus, uma das maiores do país, tem mais de 500 mil pés de laranjas cultivados), dono da EF Marketing e Comunicação e palestrante, Fittipaldi, que foi casado com Maria Helena (de 1970 a 1982), Tereza (de 1995 a 2002) e atualmente é casado com Rossana Fanucchi (desde 2012) e tem sete filhos, atua em diversas frentes. Mas nem tudo é sinônimo de sucesso.

PROBLEMAS FINANCEIROS

Em abril de 2016, a notícia de que Emerson Fittipaldi teve bens penhorados pegou muita gente de surpresa. À época foi veiculado que ele enfrentava processos milionários na Justiça. Em resumo, eram mais de 60 ações que tramitavam nos Tribunais do Estado de São Paulo.

Nos diversos problemas que Fittipaldi teve de enfrentar com a Justiça, alguns mexeram com a memória dos fãs. Entre os bens penhorados estiveram a Copersucar Fittipaldi de 1977 (F-1) e a Penske Chevrolet de 1989 (Fórmula Indy).

Três meses após o anúncio das dívidas e processos, Mônica Bergamo informou em sua coluna na Folha que Fittipaldi conseguiu suspender a penhora dos carros de F-1 que tinham sido bloqueados para pagamento de uma dívida com o banco ABC do Brasil.

Quando vieram a público as dívidas do ex-piloto e os problemas judiciais, um comunicado oficial divulgado em 4 de abril de 2016 explicou que “o volume de seus débitos, inferior a seu patrimônio, é resultado de um cenário financeiro e político instável que o Brasil inteiro enfrenta. Como todo brasileiro, Emerson Fittipaldi acredita que vai resolver esta questão com seu trabalho. Ele tem confiança no futuro do panorama econômico do país e na saúde financeira de suas empresas.”

Não será a primeira que Fittipaldi terá que se recuperar. Apesar de ter vivido 26 anos em alta velocidade, foi fora das pistas, em 1997 (um ano após se retirar), que sofreu seu pior acidente. Em 7 de setembro daquele ano sofreu um acidente de ultraleve e ficou cerca de 11 horas desaparecido na região de Boa Esperança do Sul, interior de São Paulo. Na queda, o piloto sofreu fratura da segunda vértebra lombar e outras escoriações. Seu filho Luca, então com seis anos, estava junto e foi resgatado com ferimentos leves.

Agora, quando festeja 70 anos, o desafio de Fittipaldi está em superar as dívidas que giram em torno dos R$ 25 milhões .