Há 50 anos, Herman’s Hermits foi o primeiro grupo britânico de iê-iê-iê a visitar o Brasil
Em 1966, reverberou-se na imprensa que os Beatles se apresentariam no Brasil. Mas o alarde era apenas buxixo. A verdade é que o famigerado quarteto de Liverpool nunca esteve nem sequer na América Latina. Os Rolling Stones, segundo lugar no ranking, demoraram mais de três décadas para pisar aqui. Outro nome de peso da chamada invasão britânica nos EUA durante os anos 1960, o The Who, esperou 53 anos até aparecer no país. A visita foi concretizada neste ano com apresentações em São Paulo, Rio e Porto Alegre.
Há 50 anos, contudo, em novembro de 1967, outro grupo inglês de grande popularidade na época, o Herman’s Hermits, que ainda mantinha o espírito iê-iê-iê de fazer música, tornou-se a primeira banda inglesa de rock a tocar no Brasil. Naquele ano, Stones, Who, Kinks e Hollies, entre outras grupos britânicos ilustres, transitavam por novas tendências sonoras, influenciadas sobretudo pelo lançamento dos clássicos e psicodélicos álbuns “Sargent Peppers” (Beatles) e “Pet Sounds” (do quinteto californiano The Beach Boys).
Originário da cidade de Manchester, a 56 quilômetros da Liverpool dos Beatles, o Herman’s Hermits era formado por Peter Noone (vocal, piano e sax), Karl Green (guitarra base), Derek Leckenby (guitarra solo), Barry Whitwam (bateria) e Keith Hopwood (guitarra solo). O grupo ganhou fama mundial depois de se apresentar em um dos programas de entretenimento de maior audiência da TV americana nos anos 60, o “The Ed Sullivan Show”, atração televisiva de grande importância na divulgação do rock inglês para o mundo.
BRASIL
Com vendagens que ultrapassavam a marca de 9 milhões de compactos e cerca de 3 milhões de LPs, os Herman’s Hermits desembarcaram no Brasil em 17 de novembro de 1967, para duas apresentações em São Paulo, no Cine Miami, no centro da capital. Logo que chegaram a Congonhas, às 12h40, procedentes do Rio, Peter Noone e sua trupe, com roupas consideradas “extravagantes” para a época e bagagem com quase 1.600 kg de equipamentos, foram recebidos com euforia por um grupo de adolescentes que portavam cadernos, discos e revistas com fotos dos ídolos. Demonstrando extrema simpatia com a histeria dos fãs, os músicos permaneceram por quase meia hora no aeroporto, numa improvisada sessão de autógrafos para a alegria de seus admiradores.
Conhecidos mundialmente pelos hits “I’m Into Something Good”, “No Milk Today” e “There’s A Kind Of Hush”, todas estouradas nos EUA, o conjunto aproveitou a visita para destacar a sua admiração pela bossa nova, em especial pelo compositor Antonio Carlos Jobim. A revelação foi dita em entrevista à imprensa no Terraço Itália, no centro de São Paulo, aonde chegaram com uma hora de atraso para a coletiva.
No encontro com os jornalistas, realizado após o ensaio do grupo no Cine Miami –palco das apresentações nas noites dos dias 17 e 18 de novembro–, extrovertidos, os músicos tiraram risos dos profissionais da imprensa quando disseram que a Inglaterra seria bicampeã de futebol na Copa de 1970, e que o Brasil de Pelé não teria vez para seleção inglesa. O grupo também revelou ter ouvido algumas canções de Roberto Carlos, que foram classificadas pelos músicos como românticas e “lentas”.
Apesar dos elogios à mídia pelo tratamento respeitoso prestado a eles no Brasil, os jovens astros se queixaram da ação da polícia em frente ao edifício Itália, que não permitiu a entrada de mais de 40 alunos do Colégio Caetano de Campos, que aguardavam para ganhar autógrafo dos músicos.
Famosos não só na música, os Herman’s Hermits já tinham participado de alguns filmes, entre os quais “Aguenta a Mão” (1966) e “Quando Eles e Elas se Encontram” (1965).
Cotados pela imprensa americana como os próximos substitutos dos Beatles, que àquela altura já haviam deixado de se apresentar ao vivo para se dedicar em tempo integral a produções musicais mais complexas nos estúdios da Abbey Road, em Londres, os Herman’s Hermits fizeram dois espetáculos no país, com ingressos ao preço de NCr$ 10,00 (equivalente hoje a R$ 93,70), ambos exibidos pelo Canal 5, em São Paulo.
HOJE
Cinquenta anos depois e com mais de uma dezena de álbuns lançados entre paradas, saídas e desentendimentos, a banda continua sendo representada nos palcos pelo vocalista Peter Noone e pelo baterista Barry Whitwam, com shows agendados até o início de 2018.
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