Aos 85 anos, Quincy Jones celebra seu legado no cenário música popular

O premiado produtor Quincy Jones completa 85 anos nesta quarta-feira (14).

Músico e arranjador que deixou sua marca em trabalhos que vão do jazz ao hip hop, Jones assinou a produção do disco “Thriller”, fenômeno de vendas de Michael Jackson.

Sem perder sua intensidade e ativismo, o músico também investiu em produções de trilhas cinematográficas, filmes e séries de TV. A mais famosa é “The Fresh Prince of Bel-air (Um Maluco no Pedaço), com o rapper e ator Will Smith.

Jones foi o primeiro compositor negro a assumir um alto cargo numa grande gravadora (Mercury) e entrar no cinema de Hollywood.

O trabalho de Quincy Jones revolucionou a cena musical e está intimamente ligado à cultura popular americana. Durante sua trajetória, o produtor  já recebeu 79 indicações ao Grammy e ganhou 27 –só perdendo para George Solti, maestro húngaro, que ganhou 31 prêmios.

O ECLETISMO DE JONES CHOCOU OS PURISTAS DO JAZZ

Nascido na cidade de Chicago, no estado de Illinois, o músico trabalhou na adolescência com seu amigo Ray Charles. Em Boston, no início dos anos 1950, Quincy Jones estudou na Schillinger House (hoje Berklee College of Music), antes de viajar com a big band de Lionel Hampton, e desenvolveu seu talento como trompetista e arranjador. 

Em 1956, Jones gravou seu primeiro álbum, “This is How I Feel About Jazz”, e fez uma turnê mundial com a big band de Dizzy Gillespie, em evento financiado pelo governo dos EUA, na chamada “Diplomacia do Jazz”. Na época, a banda de Dizzy tocou no Brasil, fato que influenciou a obra de Quincy Jones. Em 1962, o músico compôs a famosa canção “Soul Bossa Nova”.

Apaixonado pela música brasileira, Quincy Jones –que desfilou na escola de samba Portela em 2006– gosta de Milton Nascimento, Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Ivan Lins e Simone, entre outros artistas.

Com um trabalho repleto de parcerias e encontros com ícones do jazz e da música pop, a carreira de Quincy Jones é marcada pelo ecletismo. Para o produtor, o artista precisa ter uma mente aberta, um grande ouvido e um grande coração para a música. Sua opinião sempre foi de encontro com as ideias puristas de muitos músicos e produtores de jazz.

Uma prova do ecletismo de Quincy Jones está em  “We Are The World”, canção criada em 1985 –mesmo ano em que o músico estava envolvido na produção da trilha sonora do filme “A Cor Púrpura”– para angariar fundos para as vítimas da fome na Etiópia.

A música reuniu Lionel Richie, John Oates, Cyndi Lauper, Bruce Springsteen, Ray Charles, Michael Jackson e Bob Dylan, entre outros. “Ele não só produziu, como teve que administrar os muitos artistas e amigos juntos. A solução foi colocar um aviso na entrada do estúdio: ‘Deixe seu ego na porta’”, afirma o
jornalista Tiago Dias.

“Acho que o passo principal é achar a canção certa. Uma vez que você tenha uma grande canção, você pode começar a falar em grandes estúdios, engenheiros, músicos e tudo mais”, disse Quincy Jones em entrevista ao jornalista Carlos Calado, em julho de 1993, quando o músico estava em seu terceiro ano como coprodutor do Montreux Jazz Festival.

Em fevereiro de 2018, pediu desculpas pela polêmica gerada após duas entrevistas dadas no início do ano. O produtor disse que Michael Jackson “roubou muitas canções” e que os Beatles eram “os piores músicos do mundo”, entre outras declarações.