Tite rompe tabu ao ser o 1º técnico mantido na seleção para mais 4 anos após queda em Copa

Se o contrato de Tite com a CBF não for quebrado até 2022, o treinador realizará um feito ao participar do torneio no Qatar.

Até agora, nenhum técnico da seleção, que saiu como perdedor de uma Copa, continuou no cargo, de forma ininterrupta, até o Mundial seguinte.

Entre os treinadores campeões da Copa do Brasil, somente Zagallo dirigiu direto a equipe em duas Copas seguidas, em 1970 e em 1974.

Nem Telê Santana com o futebol-arte em 1982 permaneceu como técnico do Brasil.  Ele também participou do Mundial de 1986, mas, no período entre os dois torneios, ele dirigiu um time na Arábia Saudita.

Antes de desligar-se da CBF, em 29 de setembro de 1982, Telê havia reclamado, em uma entrevista para a TV Cultura, de críticas e pressões que um técnico disposto a trabalhar honestamente na seleção costumava sofrer.

Quando pediu demissão, ele negou que os responsáveis pela pressão tenham sido os dirigentes da seleção brasileira.

“Expliquei que minhas declarações não se relacionavam com os homens responsáveis pela direção da confederação. Mas confirmei minhas declarações e as mantenho, pois realmente considero muito difícil ser técnico da seleção quando se quer trabalhar honestamente”, disse, em reportagem da Folha.

“Só que essa dificuldade vem de fora, pois as pressões são muitas e as incompreensões também. Um trabalho sério não pode sofrer a quantidade de críticas e pressões pelas quais passei”, continuou.

Depois da derrota para a Itália por 3 a 2, no estádio Sarriá, na Copa da Espanha, o treinador sofreu muitas críticas como, por exemplo, não ter reforçado o meio de campo, pois bastaria um empate para o time passar de fase.

 

O contrato de Telê acabava no 31 de dezembro de 1982, mas ele decidiu antecipá-lo depois ter assumido um compromisso verbal com os dirigentes do Al Ahli, clube da Arábia Saudita.

“Como o presidente Giuliete Coutinho [ da CBF] e o diretor Medrado Dias já tinham se manifestado dispostos a aceitar meu pedido de demissão, resolvi fazê-lo e antecipar uma decisão que, praticamente, teria de tomar em dezembro”, afirmou.

Depois de sua saída, os técnicos Carlos Alberto Parreira, Edu Antunes e Evaristo de Macedo passaram pelo comando a equipe.

Mas, no dia 23 de maio de 1985, o nome de Telê voltou a ser anunciado como técnico do Brasil.

Campeão em 1970,  Zagallo comanda Brasil em 1974

Esse ciclo começou há poucos meses da Copa do México. No dia 18 de março de 1970, Zagallo assumiu o cargo após a queda de João Saldanha.

Em uma de suas primeiras entrevistas, o treinador afirmou que não escalaria Pelé e Tostão juntos. “Dentro do meu esquema, eles são incompatíveis”, declarou, conforme publicou Folha.

“Para o meu sistema, eles não dariam certo jogando juntos. É uma opinião pessoal, mas como técnico da equipe, tenho o direito de pensar e escolher um caminho. Outros podem não ser da mesma opinião, coisa que eu respeito. Mas a decisão cabe a mim e está tomada.”

No entanto, o treinador mudou de ideia, arrumou um sistema para os dois atuarem juntos, com Tostão mais avançado no ataque, e o Brasil conquistou o tricampeonato no México.

Já no Mundial-1974, a seleção ficou em quarto lugar, e Zagalo foi muito questionado. Uma das críticas era ter escalado Ademir da Guia somente na decisão pelo terceiro lugar.

“Se o Brasil tivesse vencido, apesar de continuar jogando o mesmo futebol e fazendo tudo igual, seríamos os melhores do mundo, gênios e deuses. Todos nós da seleção”, afirmou o treinador quando o Mundial acabou.

Sem o título, a dança de cadeira entre os treinadores voltou na seleção. O próximo a comandar a equipe nacional foi  Oswaldo Brandão.