1968 – 20ª BOMBA: Ataque no Sumaré faz polícia suspeitar de ação contra EUA

No primeiro semestre de 1968, o Consulado dos Estados Unidos e a residência de um executivo norte-americano da Kibon já haviam sido alvos de atentados a bombas em São Paulo.

O caso seguinte a estes contra um estrangeiro ocorreu no dia 28 de julho daquele ano, um domingo.

Às 3h30, um coquetel molotov foi jogado na residência da chinesa Elizabeth Chang Margareth, que havia vindo de Hong Kong para São Paulo fazia cinco anos.

O explosivo caiu no jardim, falhou ao explodir e só queimou uma pequena parte da grama.

Ela morava na rua Grajaú, número 212, no Sumaré, na zona oeste de São Paulo. Seu vizinho era o vice-cônsul norte-americano Richard Baker.

Com esse dia, ao menos, 20 bombas haviam sido registradas na região metropolitana de São Paulo pela polícia em 1968, conforme mostra a série do Banco de Dados que está sendo publicada no Blog do Acervo Folha.

Clique na imagem e confira o mapa das bombas em São Paulo em 1968

O Brasil vivia um período de ditadura. Os militares, no poder desde 1964, estavam sendo desafiados por grupos armados.

E as autoridades batiam cabeça para tentar desvendar a autoria dos ataques a bombas e se havia alguma relação entre eles.

Sobre o atentado do dia 28 de julho, a polícia sabia que, além do explosivo jogado, também houve disparos de tiros. E isso não era comum nos casos de bombas registrados em 1968.

A janela de frente da casa foi atingida e ficou com vidros quebrados. O Dops (Departamento de Ordem Política e Social) esteve no local e apurou, ao analisar uma bala incrustada na parede, que a arma usada era de calibre 38.

Morador da casa ao lado, o vice-cônsul americano acordou e foi para a janela ver o que estava acontecendo.

Ele relatou que chegou a ver um carro Aero Willys, com várias pessoas discutindo em seu interior. O veículo logo partiu em alta velocidade.

Uma das suspeitas da polícia era que os autores do atentado desejariam fazer um ataque contra o diplomata dos Estados Unidos. Porém eles teriam se enganado na hora da ação e lançado o coquetel molotov na casa errada.

Outra hipótese, esta com cunho político contra Hong Kong, levantada pela polícia considerava que o grupo responsável pelo ataque tinha alguma ligação com a comunista China continental.

O território, de onde veio Elizabeth, estava sob o controle do Reino Unido e era um polo do capitalismo na região da Ásia.

Suspeitas sem relação política também foram feitas.

Sem ter muitas pistas, esse caso se juntou a outros atentados (alguns bem mais graves) que as autoridades brasileiras buscavam,  ainda meio desnorteadas, esclarecer.

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1968 – A SEGUNDA BOMBA: Depois de alarme na Polícia Federal, explosão atinge coração da Força Pública

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