1968 – 27ª BOMBA: Jato de fogo em área da Aeronáutica gera especulações
Apesar de 1968 ter sido um período marcado por bombas em São Paulo, uma explosão no Parque da Aeronáutica no Campo de Marte (zona norte de São Paulo), na noite de 25 de novembro daquele ano, não gerou muito alarme nas autoridades. Pelo menos, publicamente.
No dia seguinte ao fato, a Folha da Tarde divulgou que duas bombas foram detonadas no local e que o assunto estava sendo mantido em sigilo pela Aeronáutica para não provocar pânico na região.
Depois, veio a versão oficial: uma explosão ocorreu em um buraco de um terreno vazio no Campo de Marte. Porém não foi explicado o que provocou o estouro nem quem foram os autores.
Esse caso se juntou a outros 26 registros de explosivos e bombas, ocorridos na região metropolitana paulista desde março a novembro de 1968 (o quarto ano da ditadura militar no Brasil).
O levantamento foi realizado pelo Banco de Dados, e os episódios estão sendo publicados no Blog do Acervo da Folha.
A misteriosa explosão em uma zona de segurança da Aeronáutica gerou muitas especulações.
O então chefe da Polícia Federal em São Paulo, o general Silvio Correa de Andrade, recusou-se a comentar a possibilidade de ligação com algum outro atentado anterior.
“Não fui solicitado pelas autoridades da Aeronáutica nem sei qual tipo dos artefatos, o material utilizado, o estrago causado e outros detalhes para fazer uma comparação com a [bomba] do consulado americano, a do Estadão e as que foram lançadas contra os quartéis do 2º Exército”, declarou na época o general, citando alguns atentados que estavam sob investigação.
Segundo o relato do delegado Wanderico Arruda de Moraes, o Dops (Departamento de Ordem Política e Social) foi chamado no dia 25 de novembro para atender a um acidente com um garoto atingido por um jato de fogo, vindo de um buraco num terreno baldio. Não foi revelada a gravidade dos ferimentos no garoto.
Um tenente-coronel apontou que a explosão pode ter sido causada por um obus (uma espécie de granada explosiva que era arremessada por boca de fogo) enterrado no local em 1932, ano da Revolução Constitucionalista. Também informou que um buraco de um metro e meio no terreno ficou aberto e que só um menino foi queimado.
Oficiais da 4ª Zona Aérea disseram acreditar que a explosão tenha sido provocada pelo garoto que estaria brincando nas imediações do Campo de Marte.
Já o delegado-adjunto Orlando Rosante cogitou a possibilidade de ter ocorrido uma combustão espontânea com gases acumulados no local.
O Dops desligou-se do caso. As autoridades da Força Aérea Brasileira negaram-se a considerar que tenha sido um ação política e preferiram não comentar o fato por causa da sua “pequena importância”. E, assim, mais uma bomba ficava sem solução.
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